Himmler – a Máquina de Guerra e o Sul
Percebe-se
no ocidente a reorganização de um campo de forças na psiquiatria forense e na
medicina legal, para perceber a diferença, respectivamente entre o vivo e o
morto. O problema é definir a posição do suicida, homem-bomba árabe e seu
notebook, por exemplo, ou do ‘carrasco nazista’ e o ‘povo dos perversos’ –
‘sociedade de soberania’, adulto perverso, deixar viver e deixar morrer – que
se suicidam quando entram no dispositivo do poder, ligados ao ‘robô esquizo
assassino’ (Roudinesco: 2010). Ao produzir as estratégias da Al Qaeda e a
definição da região como arte-fato (com hífen), Haesbaert de 2003 a 2012, a
partir do “Mito da Desterritorialização” e dos “Dilemas da Região e da
Regionalização na Geografia Contemporânea”, respectivamente, entre a vida e a
morte de Osama Bin Laden no Oriente Médio, caracteriza a região não só como
recorte do espaço desde o corpo humano (para a biologia e a Medicina), mas
biorregiões – identidade biofísica e cultural, mas se trata de uma ciberjihad (hackers fundamentalistas) e
da produção de um muselmann
(muçulmano) (Agamben, 2008): “o intestemunhável tem nome. Chama-se, no jargão
do campo, der Muselmann, o muçulmano”
(p.49). Enquanto migravam judeus para o mundo todo ao longo das guerras
mundiais no século XX, especialmente para Jerusalém.
Por
um lado, percebe-se atualmente um artifício uma espécie de ‘truque’, o de
Himmler’ em “Eichmann em Jerusalém” (Arendt, 1999), percebe-se a torção
auto-reflexiva dos carrascos nazistas para suportar os atos horrendos que
cometiam: “em vez de dizer ‘que coisas horríveis fiz com as pessoas!’, os
assassinos poderiam dizer ‘Que coisas horríveis eu tive de ver na execução dos
meus deveres, como essa tarefa pesa sobre meus ombros!” (Zizek, 2008:96). Por
outro lado:
Adolf Eichmann e
seu assistente embarcaram num trem, em Berlim, para visitar a Palestina: (...)
para visitar Tel-Aviv e discutir a coordenação entre organizações alemãs e
judias para facilitar a emigração judeus para a Palestina. Tanto os alemães
quanto os sionistas queriam que o máximo possível de judeus se mudasse para a
Palestina: os alemães queriam mais rápido possível para ficarem mais numerosos
que os árabes. (A visita fracassou porque, em razão de algumas violentas
agitações, os britânicos fecharam o acesso à Palestina; mas Eichamann e Polkes
encontraram-se dias depois no Cairo e discutiram a coordenação entre as
atividades alemãs e sionistas). Esse estranho incidente não seria o exemplo
supremo de que nazistas e sionistas radicais tinham interesses em comum (Zizek,
2008:339).
Sobre
a visita de Eichmann numa fazenda em Porto Alegre, em 1955, parece cumprir a
ordem sobre os fluxos migratórios ao longo da segunda guerra para o Brasil.
Sabe-se que desde o século XIX estes fluxos já persistem no sul do Brasil:
Nietzsche (...).
Toma conhecimento da morte de Wagner, o que reactiva nele a imagem
Ariana-Cosima. Em 1855, Elisabeth desposa Foerster; wagneriano e anti-semita
nacionalista prussiano; Foerster irá com Elisabeth para o Paraguai fundar uma
colônia de arianos puros. Nietzsche não assiste ao casamento e suporta mal este
cunhado importuno (Deleuze, 1965:14).
Se
percebermos que a ‘exclusão’ na História da Loucura de Michel Foucault (1961),
quando os hospitais não existiam a ‘exclusão’ da loucura era a ‘morte’: nos
leprosários e na peste. Quando as ‘naus dos loucos’ são ‘excluídas’ da Europa,
ao final da Idade Média século XVI e XVII, não é forçoso compará-las às que
chegam ao Brasil e ao ‘erro’ em direção às Índias. Essa concepção de ‘loucura’
no século XVII, época clássica, o desatino e a desrazão passam por uma espécie
de “Jardim das Espécies”.
Trata-se
de estratificar a loucura em três estratificações (de saber – visível e
enunciável – e poder): 1] as naus dos loucos (XVI); 2] a loucura (século XVII);
a medicalização (a partir do XIX), paralelamente as práticas dos leprosários
(encastelamento) e da a cidade pestilenta. A Geografia e a ‘morte do homem’ –
para trabalhar com as máquinas informacionais a partir da abordagem da obra de
Michel Foucault e Gilles Deleuze & Félix Guattari parte-se dos enunciados
ou do campo de forças do poder AZERT (máquinas francesas) ou QWERT (máquinas
brasileiras), Deleuze em “Foucault” (2005):
“Assim como as
letras que copio, AZERT, são um enunciado, embora essas mesmas letras, no
teclado, não o sejam (...). Mas já pressentimos que AZERT, no teclado, é um conjunto
de focos de poder; um conjunto de relações de força entre as letras do alfabeto
na língua francesa. (...) A, Z, E, R, T (embora o teclado e as letras que aí
estão indicadas não sejam elas mesmas enunciados, já que são visibilidades).
(...) concluiremos que o enunciado tem necessariamente uma ligação específica
com um lado de fora com ‘outra coisa que pode lhe ser estranhamente semelhante
e quase idêntica. (...) Esse lado de fora informe é uma batalha, é como uma
zona de turbulência e de furacão, onde se agitam pontos singulares, e relações
de forças entre esses pontos. (...) É uma microfísica. (...) A cada estado
atmosférico nessa zona corresponde uma diagrama das forças ou das
singularidades tomadas nas relações: uma estratégia. Se os estratos são da
terra, a estratégia é aérea ou oceânica. Mas cabe à estratégia atualizar-se no
estrato, cabe ao diagrama atualizar-se no arquivo. (...) As forças vêm de fora,
de um fora mais longínquo que toda forma de exterioridade. Por isso não há
apenas singularidades presas em relações de forças, mas singularidades de
resistência, capazes de modificar essas relações (...). É uma terrível linha
que mescla todos os diagramas, em cima até dos furacões. (...) por mais
terrível que seja essa linha de vida que não se mede mais por relações de
forças e que transporta o homem para além do terror. (...) a linha forma uma
fivela, ‘centro do ciclone’, lá onde é possível viver, ou, mesmo, onde está,
por excelência, a Vida” (p.23-130).
Em “O Anti-Édipo” as máquinas
desejantes, paranóicas e celibatárias, de todo modo, a relação entre o
capitalismo e a esquizofrenia – a letra elétrica, esquizofrênica. O espaço pode
ser definido como um sistema de objetos e ações (Santos, 2004) e o setor
informacional percebido através de:
Um bit é definido como a quantidade de
informação necessária para informar qual entre dois eventos equiprováveis foi o
escolhido. O nome bit, uma contração da expressão ‘binary digit’, foi proposto,
em 1970, por J. W. Tukey (1915-2000). [...] sugeriu a palavra ‘software’ para
designar programas executáveis em calculadoras eletrônicas. [...] Shannon
chamou H de entropia informacional, que é medida em bits por mensagem (ou bits
por símbolo). [...] idêntica à fórmula da entropia termodinâmica escrita
segundo a interpretação da Mecânica Estatística (Monteiro, 2011:432).
Portanto, para Virilio (1992) trata-se
de uma “tripla a noção, até então binária, de intervalo: intervalo do tipo
‘espaço’ (signo negativo), intervalo do tipo ‘tempo’ (signo positivo) são
conhecidos e, finalmente, o que é novo: intervalo do tipo ‘luz’” (p.102). Será
que uma teoria é uma prática? Trata-se do meio natural, meio técnico, meio
técnico científico informacional e da relação entre os Selvagens, Bárbaros e
Civilizados. Em “Foucault”, Gilles Deleuze relacionou os estratos históricos às
camadas sedimentares:
Os estratos são formações históricas,
positividades ou empiricidades ou empiricidades. ‘Camadas sedimentares’, eles
são feitos de coisas e de palavras, de ver e de falar, de visível e de dizível,
de regiões de visibilidades e campos de legibilidades, de conteúdos e de
expressões. [...] a clínica e a anatomia patológica acarretam distribuições
variáveis entre ‘o visível e o enunciável’. Uma ‘época’ não preexiste aos
enunciados que as exprimem, nem às visibilidades que a preenchem. São os dois
aspectos essenciais: por um lado, cada estrato, cada formação histórica implica
uma repartição do visível e do enunciável que se faz sobre si mesma; por outro
lado, de um estrato a outro varia a repartição, porque a própria visibilidade
varia em modo e os próprios enunciados mudam de regime (p.58).
Ao mesmo tempo da ‘Arqueologia das
Ciências Humanas’, Renascimento (Similitudes), Época Clássica (Trabalho, Vida e
Linguagem), Modernidade (Ciências Humanas): os agenciamentos coletivos de
enunciação: pré-significante, significante, pós-significante e a ‘máquina de
guerra’ contra-significante (fora ou capturada pelo Estado) podem ser
respectivamente relacionadas.
Distinguem-se as sociedades de
soberania das disciplinares, mas principalmente nas sociedades de controle, que
funcionam a partir de máquinas informacionais, um livro é uma máquina de guerra
– um nomos, muito diferente da lei,
obtém com o Estado uma relação com o ‘fora’, antes de defini-la como o fora
reduzido com a política externa nem como as grandes companhias (complexos
industriais, formações religiosas, cristianismo, islamismo, profetismos ou
messianismo, neoprivitivismos, bando de pilhagem ou pirataria), portanto não
passa de uma organização comercial como um bando de pilhagem, ou seja, o
‘fundamentalismo hacker’ pode ser também assim definido: “uma máquina de guerra
pode ser revolucionária, ou artística, muito mais que guerreira” (Deleuze e
Guattari, 1995: 47).
No
final do século XIX e início do século XX, com a ‘biopolítica’ e a ‘exclusão’
nos ‘campos de concentração’, com a perseguição dos judeus, com o ‘Holocausto’,
não se percebe mais como a ‘exclusão deixou de se tornar uma ‘lei’ e não uma
‘morte’ apenas ou um abandono. Com o advento da medicina psiquiátrica, no
século XX, produz-se pela ‘ordem’ ou ‘truque’ de Himmler fluxos migratórios
para o Oriente Médio, na Palestina, mas percebe-se uma espécie de “Nova
Des-ordem Mundial” (2006) através de ‘aglomerados de exclusão’ quando a
‘desterritorialização’ é rearranjada por meio de ‘artifícios cibernéticos’, não
haveria de ser outro modo, como as redes ‘gaúcha’ e da ‘Al-Qaeda’, explicitadas
por Rogério Haesbaert em “Conceitos e Temas” (1995), respectivamente nas teses
sobre ‘redes terroristas’ islâmicas e gaúchas: “Des-territorialização e
Identidade” (1997) e “O Mito da Desterritorialização” (2004). Questiona-se
porque acionar essas ‘operações psicológicas’ numa ‘Ordem Mundial’ entre o
Oriente Médio (Arendt) de judeus e porque ‘perseguições’, em artigos e livros
(desde que compreendamos como ‘máquinas de guerra’ que capturam o fora), no
ambiente geográfico e não no jurídico e político. Sabe-se que a informática e a
cibernética não passam de ‘máquinas de visão’ jurídicas.
A
máquina de visão tem sua origem nas técnicas policiais e judiciárias: a
evolução das técnicas picturiais, arquitetônicas, fotográficas, videográficas,
cinematográficas e informáticas (à distância). A percepção do olhar, do ver sem
ser visto, o panóptico, a vigilância, o saber e o poder aparecem. Todas estas
revoluções técnicas são frutos da modernidade, às voltas com o terror revolucionário
(séc. XVIII-XIX), no momento em que a polícia carregava o “olho” como símbolo,
mas ela mesma era uma polícia invisível, signo do próprio espião: investigar os
espaços privados iluminando-os como eram iluminados os espaços públicos. Paul
Virilio quanto a isto (1994:57) descreveu uma “investigação permanente no seio
das próprias famílias, que faz com que toda informação e todo relato comunicado
possam parecer perigosos, mas se tornar também armas pessoais paralisando cada
um no medo mortal dos outros e de seu espírito de investigação”. O enunciado
bem conhecido “tudo o que você disser pode ser utilizado contra você” retrata o
perigo da comunicação numa investigação policial. Outro ponto importante no
pensamento de Virilio é a convergência da função da luz na máquina de visão e
na noção de velocidade. Luzes que iluminavam os espaços privados do mesmo modo
que iluminavam os espaços públicos. À guisa de esclarecimento, para Virilio
(1996:32) “a guerra seria antes uma perseguição policial em maior velocidade,
em outros veículos”. A guerra e a relação policial passam por todas estas
análises. Contextualizar o empreendimento da máquina de visão se faz
necessário. A Revolução Francesa e sua comutação com as Luzes formam, por assim
dizer, certo a priori, ou seja, um
conjunto circunstancial para o objetivo do desenvolvimento técnico do “olhar”,
de acordo com Virilio (1994:58-67):
Em 1789, a revolução profunda
está lá, na invenção de um olhar público que visa uma ciência espontânea, uma
espécie de saber em estado bruto [...]. “O período da Revolução Francesa se
preocupava fortemente com a iluminação”, observava o coronel Herlaut. Como
vimos, o público experimentava a imensa necessidade de outras luzes que não as
do dia, luzes que, como as da cidade, não fossem mais produto da natureza ou do
Criador, mas do homem iluminando o homem (no momento em que o ser do homem
torna-se seu próprio objeto de estudo, o objeto de um saber positivo). [...] as
técnicas policiais de abordagem multidimensional da realidade exerceram uma
influência decisiva sobre a instrumentalização da imagem pública (propaganda,
publicidade) mas também sobre o nascimento da arte moderna e a emergência do
documentalismo... O adjetivo documentário (que tem uma característica de
documento) será, aliás, incorporado por Littré no mesmo ano em que a palavra
impressionismo, em 1789. “Ver sem ser visto” é um dos lemas da
não-comunicabilidade policial. [...] O olhar lançado pelo pesquisador sobre a
sociedade é eminentemente exterior a ela.
Sabe-se
que vence uma guerra quem melhor controlar o ‘campo e o espectro
eletromagnético’ (Virilio, 2000). O que
pensar a respeito do ‘fundamentalismo hacker’ (ciberjihad)? O que pode definir
uma ‘rede territorial’ terrorista[1] e
como sua relação com os estudos sobre a esquizofrenia se estabelece? No
entanto, chama-se de “território zero, erradicação de qualquer
possibilidade de significação por parte da pessoa adoecida, comum à experiência
asilar” (p.87). A ‘máquina de Visão’ (Virilio: 1994) é provavelmente a evolução entre
a datiloscopia e a computação (a cibernética), ou seja, o ciberespaço
(aerorbital) como máquina jurídica[2].
Primeiramente,
através da Psiquiatria Forense Brasileira, “o atentado ao World Trade
Center (WTC), em Nova Yorque, em 11 de setembro de 2001, talvez o mais
impactante ataque terrorista da história”, mas, em segundo lugar, “o terrorismo
pode advir tanto de opositores ao governo quanto de seus supostos defensores,
envolvendo uma estratégia político-ideológica” (Taborda, 2012: 499-500). O
terrorismo tem sido referido de forma esparsa em leis penais especiais (p. ex.,
na Lei de Lavagem de Capitais – art. 1º, inciso II, Lei nº 9.613/98; e na Lei
de Segurança Nacional – art. 20, Lei nº 7.170/83), entendida, pela doutrina,
como excessivamente ampla pela Constituição Federal de 1988:
(...)
a
Polícia Federal tem provas de que al-Qaeda e outras organizações extremistas e
terroristas islâmicas estão presentes e operando no Brasil, por meio da
divulgação de propaganda, planejamento de atentados, financiamento de operações
e aliciamento de militantes para redes terroristas. (...) desde 2001, o Brasil
tem sido base de financiamento e centro de preparação de ataques, com enormes
quantias de dinheiro enviadas para causas terroristas. (...)” (Taborda, 2012:
516).
Trata-se de uma
‘Máquina Trivial’ (cibernética) que se relaciona com a rede do CAPS, definida
como ‘máquina esquizofrênica’: “cibernética seria uma teoria das mensagens mais
ampla que a ‘teoria da transmissão de mensagens da engenharia elétrica’ (...)
cybernetics derivado do grego kubernetes, palavra utilizada para denominar o
piloto do barco ou timoneiro, aquele que corrige constantemente o rumo do navio
para compensar as influências do vento e do movimento da água”, além do sentido
de controle “reforçado pela correspondência que kubernetes tem o latim
gubernator, a máquina leme utilizada em navios seria um dos mais antigos
dispositivos a incorporar os princípios estudados pela cibernética” (Kim,
2004:200). As redes de ações (além-mar) do Caps devem fazer parte desse tipo de
cibernética:
(...)
somando-se aos conceitos de território, sabemos que tais serviços comunitários
(Caps) ancoram-se não apenas na estrutura física que os comporta ou mesmo na
equipe e projeto que os asseguram, mas no azeitamento das relações
intra-equipe, na pulverização estratégica das ações além-mar, ou seja, fora de seu espaço geográfico. Deve ser
sim articular a rede, definir ingerências irradiando-as como polo de excelência
de interseção (...) como espaço que tece a rede
de ações em diversas áreas necessárias ao funcionamento mais pleno (Stockinger,
2007:98-9).
Descreve-se a ‘ordem através das
flutuações’ e estruturas dissipativas’ segundo as leis da termodinâmica e da
cibernética e a ‘rede de ações’ e como elas podem estar articuladas na
pulverização além-mar:
Enquanto
a primeira cibernética apoiou-se nos avanços conceituais decorrentes da segunda
lei da termodinâmica, ou seja, aos processos negentrópicos destinados a
reverter a tendência inevitável à desordem, ao caos e à destruição dos sistemas
deixados ao léu (entropia), a segunda cibernética relevou restrições à tese
mecanicista, aproximando-se de Prigogine e de seu conceito sobre ‘ordem por
meio da flutuação’, Prigogine e Stengers (...) quando o sistema de redução de
desvio deixa de funcionar ou quando questões evolutivas ou contextuais
tornam-se insistentes ou intensas, apresenta-se uma bifurcação para o sistema,
configurando a possibilidade de saltos qualitativos. Seriam as ampliações de
flutuações que fluem para estruturas dissipativas que mantêm uma coerência
interna com sistema. Desta forma, tornou-se possível explicar as mudanças
descontínuas, resultantes das escaladas de ampliação do desvio e consequente
reorganização do sistema. (...) a garantia de independência entre observador do
sistema e sistema observado (Stockinger, 2007:90).
Antes de tudo, Deleuze e Guattari
(s/d) definiram, portanto, a esquizofrenia como uma máquina
descodificada e desterritorializada, assim como a histeria e a paranoia a uma
máquina territorial:
O
capitalismo tende para um limiar de descodificação que desfaz o socius em
benefício de um corpo sem órgãos e que (...) liberta os fluxos do desejo num
campo desterritorializado. Será exato dizer (...) que a esquizofrenia é o
produto da máquina capitalista, como a mania depressiva e a paranóia são
produtos da máquina despótica, ou como a histeria é o produto de uma máquina
territorial” (p.37). Não resta dúvida que “três milhões de pontos por segundos
transmitidos pela televisão, de que apenas se retêm alguns. A linguagem
elétrica não passa nem pela voz nem pela escrita: a informática – ou essa
disciplina chamada fluída que funciona por jatos de gás – dispensam-nas; o
ordenador é uma máquina de descodificação instantânea e generalizada (p.251).
Assim,
Stockinger (2007) relacionou a autopoises[3],
a morfoestase a uma ‘máquina trivial’, quando descreveu a Reforma Psiquiátrica
Brasileira:
(...)
conceito de Autopoiese, serve-nos citar as compreensões acumuladas pela
cibernética de primeira ordem e pela de segunda. (...) com o intuito de manter
sua organização, através de mecanismos de regulação e controle. Nesse sentido
(...) afirma que o sistema, afetado por interveniência eternas e internas era
compreendido como uma máquina trivial, fosse ele um ser biológico, uma máquina
ou um sistema social. (...) E tal sistema seria corrigido, quando do andar fora
de seus objetivos, pela retroalimentação negativa, ou seja, a qualidade de
informação recursiva que punha novamente o sistema em estabilidade, numa
morfoestase. Contudo, a sobrevivência dos sistemas não depende somente da
capacidade de morfoestastase, mas sim de ser capazes de modificar suas
estruturas básicas para adaptarem-se às mudanças do meio. Tal processo, advindo
da cibernética de segunda ordem, passou a ser chamado de morfogênese, que
induzido pela retroalimentação positiva estenderia os limites pela
retroalimentação positiva estenderia os limites do desvio, de forma que o
organismo, adaptando-se ao contexto, pudesse sobreviver (p.89-90).
Percebe-se que a
cibernética esteve ligada, não só a rede de ações do CAPS, mas à programação de
controle para artilharia antiaérea[4],
que pode ter ativado os atentados aéreos e o caos aéreo no Brasil e no mundo,
Europa e Estados Unidos, na primeira década do século XXI, entre outros da
atualidade:
O
campo que Wiener designa de ‘cibernética’ teve início durante os esforços
relacionados com a II Grande Guerra, quando ele realizou pesquisas com
programação de máquinas computadores e com mecanismos de controle para
artilharia antiaérea. (...) estudo de um sistema elétrico-mecânico que fosse
desenhado para usurpar uma função especificamente humana: a execução de um
complicado padrão de cálculo em um caso e a previsão do futuro, no outro. A
‘previsão do futuro’ a que Wiener se refere, neste caso específico, é a
capacidade de se prever a trajetória de uma aeronave, a fim de que o projétil
do canhão antiaéreo encontre-se com o alvo em ‘algum momento do futuro’(Kim,
2007:201).
Se as redes de ações do Caps estão ligadas à cibernética e a estratégias
além-mar, percebem-se diretamente ‘sistemas de radares’ (microondas, usada
também para ‘controle mental’, em equipamentos como o Haarp) e que não deveriam
estar ligados a atentados antiaéreos:
Os
sistemas de Radar (do inglês Radio Detection And Ranging, detecção e
localização por rádio) foram a primeira aplicação tecnológica dessa faixa de
frequências, desenvolvida durante e logo após a segunda guerra mundial, com o
objetivo de aprimorar a navegação aérea e localizar aeronaves inimigas. O uso
de comprimentos de onda menores que os de rádios, usados até então, se mostrou
mais conveniente, por apresentar menos efeitos de difração e permitir melhor
propagação dos sinais enviados. Os radares de microondas são extensivamente
usados até hoje em dia na navegação aérea e marítima comerciais, pois nessa
faixa de frequências os sinais se propagam satisfatoriamente, mesmo em más
condições climáticas, como chuvas, presença de nuvens ou poeira, que absorvem
ondas frequências maiores. As frequências designadas para radares estão entre 5
GHz e 6Hz. Num sistema de radar, uma onda direcional é enviada até um objeto,
reflete-se na superfície do objeto e retorna, sendo detectada pelo mesmo
equipamento que enviou. A análise do feixe refletido fornece informações sobre
a posição do objeto, sua distância até o equipamento emissor e, no caso de
objetos móveis, sua velocidade com relação ao emissor (Carvalho, 2005:38).
Percebe-se a
junção de dois pontos, um ponto é interno, a propulsão das técnicas de visão na
origem policial da instrumentalização da imagem, e um ponto é externo, as
condições em que a Revolução Francesa se situou frente a necessidade de
inventar um olhar público. Há, também, a recorrência da arqueologia das
ciências humanas foucaultianas e sobre o panoptismo em Surveiller et Punir. Se as condições internas da revolução
influenciaram o documentalismo e o impressionismo, como que as técnicas
policiais foram capazes de influenciar a arte impressionista? Indubitavelmente
a impressão digital é uma técnica de visão policial, enquanto o impressionismo
é uma arte pictural das artes plásticas. Historicamente, Virilio (1994:67)
refletiu sobre a impressão digital, uma técnica óptica à serviço das relações
policiais de poder:
É, por exemplo,
um funcionário inglês em Bengala, sir William Herschel, que exige a partir de
1858, que todos os objetos relativos aos indígenas fossem marcados com a
impressão de seu polegar. Cerca de trinta anos mais tarde, sir Edwald Henry
compõe uma classificação datiloscópica que foi adotada em 1897 pelo governo
britânico. A utilização das impressões como sinal de identificação era corrente
no extremo Oriente [...] desde o século VIII. Os europeus vão usar a
datiloscopia de forma completamente diferente: a impressão será vista como uma
imagem latente, a tiragem fotográfica e suas manipulações assumindo aqui todo o
seu sentido e se falará destas realidades imutáveis que são as impressões
digitais e mais tarde os poros da pele (poroscopia) de um indivíduo morto ou
vivo. “Mais vale uma impressão digital encontrada nos locais do crime do que a
própria confissão do culpado”, escreve o oficial judiciário Goddefroy.
A
datiloscopia proporcionará o declínio de todo tipo de inventário (das narrativas,
testemunhas e descrição modelada), os interrogatórios eram base de tantos
textos romanescos dos séculos anteriores serão refutados ao serem introduzidas
as técnicas de datiloscopia como prova na instituição policial. A tiragem
fotográfica servirá de técnica acessória importantíssima para as indubitáveis e
imutáveis impressões digitais.
Aparentemente
estes ‘artifícios cibernéticos’ (desterritorializados) acionam ‘operações
psicológicas’ quando se tratam de fluxos migratórios. Principalmente nas sociedades
de controle, que funcionam a partir de máquinas informacionais, um livro é uma
máquina de guerra – um nomos, muito
diferente da lei, obtém com o Estado uma relação com o ‘fora’, antes de
defini-la como o fora reduzido com a política externa nem como as grandes
companhias (complexos industriais, formações religiosas, cristianismo,
islamismo, profetismos ou messianismo, neoprivitivismos, bando de pilhagem ou
pirataria), portanto não passa de uma organização comercial como um bando de
pilhagem, ou seja, o ‘fundamentalismo hacker’ pode ser também assim definido: “uma
máquina de guerra pode ser revolucionária, ou artística, muito mais que
guerreira” (Deleuze e Guattari, 1995: 47).
Se
Haesbaert (1993) persegue os aglomerados de exclusão (redes do tráfico humano,
redes do crime organizado, rede das drogas e rede gaúcha, e mais recentemente a
medicina e a ‘arte’, ou a região arte-fato ou artifício) através da
desterritorialização (capitalismo informacional e esquizofrenia). Trata-se de
uma ‘redundância de ressonância’ quando ‘o significante’ (frequência) e ‘a
subjetivação’ (ressonância) parecem inverter ou converter os planos de
composição e de organização, segundo Deleuze e Guattari (1992):
“O regime
significante do signo ( o signo significante) possui uma fórmula geral simples:
o signo remete ao signo, e remete tão somente ao signo, infinitamente. (...) o
símbolo em uma remissão constante do signo ao signo. O significante é o signo
redundante com o signo. Os signos emitem signos uns para os outros. (...) Os
signos não constituem apenas uma rede infinitamente circular. O enunciado
sobrevive a seu objeto: o nome, a seu dono” (p.63)
A
paranóia está o elemento despótico (regime significante) – a beatice, onde
reside a trapaça e não o segredo: ‘o supliciado’ é o primeiro passo antes da
‘exclusão’: “matar-se-á e se fará fugir o que pode provocar a fuga do sistema”
(p.67), mas no “regime pós-significante” que se opõe um procedimento original
‘subjetivação’: “no começo do século XX, a psiquiatria, no auge de sua agudeza
clínica, encontrou-se diante do problema dos delírios não-alucinatórios, com
conservação de integridade mental, sem ‘diminuição intelectual’’. Havia um
primeiro grande grupo, o dos delírios paranóicos e de interpretação (...).
esboçado na Monomania de Esquirol [...] e no delírio passional de
Clérambault[...] o monomaníaco, o reivindicador passional é, o mais
frequentemente, oriundo das classes rurais e proletárias, ou de casos marginais
de assassinos políticos” (p.73). Regime passional ou de subjetivação ‘judeus em
oposição aos impérios’; ‘filosofia cristã’ e a psiquiatria do século XIX: “o Eu
como sujeito de enunciação, designando a pessoa que enuncia e reflete seu
próprio uso no enunciado [...] enfim o eu como sujeito de enunciado, que indica
um estado que se poderia sempre substituir por um Ele [...] o capital é um
ponto de subjetivação por excelência” (p.84-5). Signo que se rebate ao signo e
sujeito de enunciação que se rebate sobre o sujeito de enunciado – ‘o eu’.
Os
regimes de signos do trabalho (psiquiatria e a medicina do trabalho) e
passionais ficam no mesmo lugar que as frequências despóticas. Como se a
‘sociedade de soberania’ pudesse se colocar entre a ‘sociedade de controle’ e a
‘sociedade disciplinar’. Se as ‘frequências’ são correspondentes à soberania e
as ‘ressonâncias’ ao regime passional (trabalho e família), produz-se o ‘crime’,
na sociedade de soberania, organizado como ‘aglomerado de exclusão’ nas
desterritorialização ciberespaço (sociedade de controle). Portanto, as ‘redes’
são produzidas dentro da sociedade e o des-controle torna-se patente: uma
espécie de ‘máquina de guerra’ contra-significante. Em toda a obra de Rogério
Haesbaert de ‘reterritorializar’ (soberania) na desterritorialização (controle)
enuncia a in-segurança no espaço cibernético ou eletromagnético (entre
frequências e ressonâncias).
“Eu é um outro” verso conhecido e polêmico do
poeta francês Rimbaud[5],
que atualmente se faz necessário por sua ínfima e tênue demarcação do “si” e
por um (re)significativo acoplamento na alteridade. Um verdadeiro território
existencial perdido no ego pelo reencontro com a diferença e com o outro, o
próprio ato de se desdobrar, a
duplicação do duplo,
a redundância pela
ressonância. A alteridade é um
conceito psicanalítico que se corresponde aqui, aos outsiders e aos outros.
Entre o Boden (o solo do Estado, segundo Ratzel) e esta definição de
território, mais do que pontos em sequência linear, há uma distância política
entre um conceito e o outro. “Um limite, uma alteridade: diferença entre ”nós”
(o grupo, os membros da coletividade ou “comunidade”, os “insiders”) e os
“outros” (os de fora, os estranhos, os “outsiders”)”. À primeira vista o
território determinaria o nacionalismo, até mesmo o fascismo, o nazismo e a
xenofobia, práticas comuns a muitos Estados Modernos. Luta de raças entre nós
de uma mesma comunidade e os outros, estrangeiros que carregam torrões
desterritorializados de sua terra natal... Em relação ao racismo e a xenofobia,
Deleuze e Guattari (1996; p.45) problematizaram que “o racismo europeu como
pretensão do homem branco nunca procedeu por exclusão nem atribuição de alguém
designado como Outro [...]. Do ponto de vista do racismo, não existe
exterior, não existem
as pessoas de fora. Só existem pessoas que deveriam ser como nós,
e cujo crime é não o serem”. O território determina um limite em que se coloca
a comunidade, mas desde que “nós” não demarquemos uma diferença em relação à
alteridade (entre judeus, árabes, negros, loucos). Sequer admite-se certa alteridade.
O que poderia ser, então, esta alteridade, este outro, este “outsider”?
Cristalizar e
atualizar estas minorias numa espécie de desaceleração, percebendo que as
classes talham-se nas massas, as cristalizam, enquanto as massas não param de
vazar, de escoar das classes, linhas de fuga em desterritorialização. Enquanto
a variável classe busca adicionamentos, as variáveis de massas subtraem-se das
classes. Resguardando as devidas relações entre o molar e o molecular, o macro
e o micropolítico, Deleuze e Guattari (1996;p.102) definiram os comportamentos
moleculares, de massa:
Os movimentos de massa se precipitam e se revezam [...] mas saltam
de uma classe a outra, passam por mutações, exalam ou emitem novos quanta que
vêm modificar as relações de classe, questionar novamente sua sobrecodificação
e sua reterritorialização, fazer passar noutro lugar linhas de fuga. Há sempre
um mapa variável das massas sob a reprodução das classes. [...]1) Uma linha
relativamente flexível de códigos e de territorialidades entrelaçados [...] uma
segmentaridade dita primitiva, na qual as segmentações de territórios e de
linhagens compunha o espaço social. 2) Uma linha dura que opera [...] a
concentricidade dos círculos em ressonância [...] o espaço social implica aqui
um aparelho de Estado.
O mapa variável
das massas sob a reprodução das classes se dá por três linhas coexistentes. A
primeira é flexível e composta por códigos, linhagens e territorialidades
entrelaçadas, segmentação de territórios; composição esta a do espaço social. A
outra linha é dura e opera a concentricidade dos círculos em ressonância, o
centro de poder, o Estado neste espaço social. O terceiro e último tipo de
linhas são as de desterritorialização, de fuga, marcadas por quanta (há sempre
nestas linhas algo como uma máquina de guerra). Propõe-se algumas questões: O
que vem a ser um centro de poder? Um foco de poder ou um centro de poder podem
ser tanto molar quanto molecular? Como estabelecer uma relação entre as
minorias, os segmentos moleculares e estes focos de poder? As segmentaridades
moleculares podem ser vistas como campos de lutas para as relações de poder?
Cada segmento
molar possui seus centros de poder. Um poder centralizado por instituições
diversas, poder público ou privado, poder de exército, de Igreja, escola,
prisão. Cada segmento flexível, molecular, estabelece relações com centros de
poder. Visto que cada centro de poder é igualmente molecular, exercendo-se
sobre um tecido micrológico onde ele só existe difuso e disperso, desacelerado
e miniaturizado. Os micropoderes ou a análise das disciplinas, arte dos
detalhes, atestaram esta característica molecular, nos séc. XVII/XIX, por
Michel Foucault em Surveiller et Punir. Definir mais estes focos de enfrentamentos do
que as relações entre Estado e cidadãos, ou nas fronteiras entre classes.
Identificando inúmeros pontos de enfrentamentos, focos de instabilidade que
comportam seus riscos de conflitos, de lutas e de uma inversão transitória, ao
menos, das relações de poder ou de força. Sobre esses micropoderes disseminados
pela sociedade inteira, na escola, no exército, no hospital, etc.. Nem é mais
“o” professor, mas o melhor aluno, o cabulador de aulas, o zelador e nem tanto
mais é o general, mas o suboficial, o soldado em mim, o encrenqueiro. Operando-se
no detalhe dos detalhes, os centros de poder moleculares agem por
segmentaridades finas e flexíveis deslocando-se incessantemente. No entanto, o
professor, o general ou o zelador e o suboficial têm nas relações de poder duas
faces: molar e molecular.
Mas é nesta
microtextura, de certo modo, que os segmentos molares mergulham, o que explica
o fato de um oprimido ocupar lugar ativo no sistema de opressão: operários dos
países ricos postos a participar ativamente da exploração do terceiro mundo, do
armamento das ditaduras, da poluição da atmosfera. As relações entre
segmentaridades moleculares e as práticas de poder podem ser vistas através
desta microtextura e daqueles micropoderes disciplinares acima citados que agem
entre os corpos, inseparavelmente das segmentaridades duras, molares, de
classes. Embora sejam nas micro-relações de poder que podem ser abertos os
campos de forças, de lutas e de batalhas. É nesta perspectiva que as minorias
aparecem, em toda a sua aspereza e atritos, numa tentativa de inversão
transitória destas linhas de forças, nestas relações de forças. O que foi o
Maio de 68 senão uma tentativa micropolítica dos estudantes universitários em Nanterre e Sorbonne, em proveito de
uma inversão das linhas de forças, contra os savoir-faires. Outro movimento micropolítico que pode
ilustrar este contexto é a antipsiquiatria e a transformação ou, até mesmo, a
propensa extinção das relações de poderes médicos sobre os loucos e o controle
bioquímico sobre a loucura. O pensamento incisivo de Haesbaert (2002;p.14-5)
convida-nos para uma reflexão acerca das minorias:
[...] numa
era em que a geofinança [...] volatiliza os espaços na mobilidade pretensamente
ilimitada do capital, o espaço nem por isso perde sentido. Ao lado de uma
geopolítica global das grandes corporações brotam “micropolíticas” capazes de
forjar resistências menores – mas não menos relevantes – em que territórios
alternativos tentam impor sua própria ordem, ainda minoritária e anárquica, é
verdade, mas talvez por isso mesmo embrião de uma nova forma de ordenação
territorial que começa a ser gestada.
Como definir uma
minoria? Enfatizar estes novos campos de luta minoritários que de certa forma
força o estabelecimento de uma constante, a própria maioria (o metro padrão em
que se avaliam estas diversidades minoritárias). “Suponhamos que a constante ou
metro padrão seja o homem – branco – masculino – adulto – habitante das cidades
– falante de uma língua padrão – europeu – heterossexual qualquer”, assim
Deleuze e Guattari (1995; p.52) identificaram que “‘o homem’ tem a maioria,
mesmo que seja menos numeroso que os mosquitos, as crianças, as mulheres, os
negros, os camponeses, os homossexuais, etc.” ! Define-se uma segmentaridade
binária, cuja maioria dos homens (metro padrão) contrapõe-se às mulheres, as
classes dominantes e as dominadas, os adultos e as crianças.
De outro modo, uma Geografia que se pretenda
Micropolítica, voltada para as lutas ligadas às minorias, deve investigar
sempre como se desenvolvem as minorias e o plano majoritário. Se a maioria é
aquilo que se compreende no padrão (homem – branco - adulto – habitante das
cidades – falante – etc.); a maioria, com efeito, será sempre ninguém, nunca
alguém. Um fato majoritário é um fato analítico de ninguém, pois se opõe ao devir minoritário de
todo-mundo. O minoritário é “o devir de
todo mundo”, por desviar-se do modelo padrão.
Na tentativa de produzir um binômio
T-D, Rogério Haesbaert (1997) produziu uma des-ordem nos enunciados e nos
coletivos de enunciação que mais parece uma ‘máquina de guerra’ ou uma ‘captura
do fora’, designada por ‘rede gaúcha’. Questiona-se como a ‘rede’ pode ser
desterritorializadora, deste modo, como um caráter ‘excludente’ e destruidora
de ‘territórios’, como foi compreendida da seguinte forma:
Topologicamente a rede se expressa
através de pontos (nós, pólos ou vértices) e linhas (arestas), incluindo aí os
fluxos (que podem ser materiais e imateriais) e os suportes (materiais), que
podem ser pontos ou ‘antenas’ [...] e linhas ou dutos. Podemos considerar
fundamentais na caracterização das redes, a fim de avaliar seu caráter
desterritorializador” (p.104).
Estes estudos acompanham a proposta de
seu artigo “Desterritorialização e Aglomerados de Exclusão” (1993), publicado
em 19995 no livro “Conceitos e Temas” (1995).Quando o binômio territorialização
– desterritorialização (ou, de modo mais complexo, do trinômio T-D-R), que
parte de uma dialética entre desterritorialização (destruição ou exclusão de
antigos territórios e/ou des-integração de novos espaços numa rede econômica
globalizada, onde predomina a extroversão) e (re)territorialização (formação de
novos territórios através de uma reapropriação política e/ou simbólica do
espaço, incluindo aí a conjunção de redes de caráter mais local e centrípetas):
“tentando se opor à modernização consumista através da reconstrução de
identidades culturais e fundamentalismos (religiosos e étnico-nacionalistas)
que buscam uma espécie de reterritorialização neocomunitarista, muitas vezes
ultraconservadoras” (p.112). Como as
frequentes catástrofes e desastres naturais na região sul do Brasil pôde ser
prováveis, por exemplo, no Estado de Santa Catarina no período de 1980 a 2007?
Conforme Haesbaert (1997) trata-se de um modo de ‘determinismo da natureza’ de
‘causalidade simples’:
A relação entre
natureza e cultura não pode, portanto, ser representada em termos de
causalidade simples. [...] o que implica ao mesmo tempo uma causalidade
seqüencial (objetiva) e projetiva (metafórica). [...] o ‘determinismo da
natureza’ [...] não deve ser visto simplesmente como uma leitura superada, sem
sentido. Ele revela, no mínimo, a capacidade que tem o homem de, a partir de
sua relação [...] com o ‘meio’ [...] criar símbolos que acabam por (re) definir
a sua própria identidade (p.57).
Como
o Atlântico Sul não pode ocasionar fenômenos como furacões, se faz parte de um
‘determinismo geofísico’, especificamente definido climaticamente? A despeito
de um tornado em 1999 em Joinville e de um furacão, em 2004, o ‘Catarina’,
principalmente, das tempestades de 2008 em Santa Catarina. Dentro das
possibilidades, esse período foi antecedido pelos anos mais quentes 1977-1998 e
marcou um período em que a superfície do mar, entre 1999-2007, teve a sua
superfície alternando de temperatura em cada período, mais quente e mais fria,
sob a influência dos El Niños e La Niñas, no Pacífico, na costa do Equador e
Peru.
Para
compreender essa impossibilidade de furacões no Hemisfério Sul e destacar essas
anomalias climáticas nos períodos de maior resfriamento das águas do oceano (La
Niña), isto se distingue no Hemisfério Norte. A primeira possui uma maior
influência maritimidade e da segunda da continentalidade, porquea percentagem
de terras emersas no norte é maior do que no sul do planeta.
Se
o calor específico da água é maior do que o da terra, isto é, a medida da
capacidade de retenção de calor, isto é, a água retém calor mais tempo e demora
mais para irradiar a energia absorvida – os continentes esfriam com maior
rapidez quando a incidência de luz solar diminui.
Enfim,
se os oceanos demoram mais para aquecer do que os continentes, então haverá
gradientes de pressão e de temperatura, um diferencial próprio para a formação
de ciclones. Artur Gonçalves Ferreira em “Meteorologia Prática”: “o ar sobre as
regiões aquecidas sobe e, sobre as regiões resfriadas, desce. Com isso, a
pressão tende a ser baixa nas regiões onde o ar se eleva,
e alta onde o ar desce. Essas diferenças horizontais de pressão são chamadas de
gradientes de pressão” (p.83). Ao distinguir os tipos de fenômenos climáticos
demarca a diferença entre: “os furacões ciclones tropicais que ocorrem no
oceano Atlântico e nas partes leste e central do Pacífico, enquanto os tufões
são originários do oeste do oceano Pacífico. Ciclone descreve uma tempestade
tropical que se forma no Oceano Índico ou próxima da Austrália” (p.151).
Para
a formação de ciclones, furacões é necessário uma superfície marítima a 27°C de
temperatura, mas nos períodos da La Niña, resfriamento, principalmente das
águas oceânicas isto seria improvável. Em períodos de El Niño, os oceanos
demorariam mais para se aquecer do que os continentes, o que também
impossibilitaria essas áreas do sul do Atlântico, por serem mais determinadas
pela maritimidade?
De
que maneira definir as ocorrências de fenômenos climáticos, como os ocorridos
no sul do Brasil desde 1999 até 2008, período em que as águas dos oceanos estavam
mais frias? Se nas águas do sul, por causa da maritimidade, o papel dos seres
humanos seria aquecê-las independentemente dos períodos de resfriamento ou
aquecimento? Afinal a linha do Equador demarca áreas de baixa pressão, mais
quentes e com calor específico maior, por ser territorial, no caso do Brasil.
Se não pensássemos apenas em determinações naturais sobre o clima, como pensar
em intervenções antrópicas no espaço aberto dos mares, em atividades
industriais e militares submarinas? A ‘Desterritorialização’, de fato, não se
refere senão apenas às ‘redes’ e ao setor informacional o que pode produzir
‘erros’, segundo a ‘teoria do caos’, em termos meteorológicos: o ‘efeito
borboleta’.
Um
pequeno desvio nas condições iniciais tem efeitos consideráveis ao longo prazo.
Assim apresenta-se a sensibilidade às condições iniciais. Edward Lorenz deu uma
imagem a esse efeito que batizou de ‘efeito borboleta’: uma pequena
perturbação, da intensidade do bater de asas de uma borboleta, pode um mês
depois ter um efeito considerável como o desencadeamento de um ciclone (ou até
mesmo o contrário, o fim de uma tempestade), em razão de sua amplificação
exponencial, que age sem cessar enquanto o tempo passa. O ‘efeito borboleta’
foi descoberto por E. Lorenz quando introduziu involuntariamente um pequeno
erro inicial ao refazer seu cálculo e compreendeu que esse erro crescia
exponencial à medida que o cálculo prosseguia, até chegar, a um nível em que os
resultados mudavam radicalmente. Assim Lorenz descobria o efeito da sensibilidade
às condições iniciais.
Ávido
por recomeçar com mais detalhes um cálculo particularmente longo, E. Lorenz o
recomeçou, mas não desde o começo, para ganhar tempo, ele introduziu os valores
das variáveis (temperatura do ar, velocidade do vento, relação da altitude com
a temperatura) que havia obtido, desse modo, aparecer a surpresa, segundo
Monteiro (2011:32):
A dependência
sensível das equações da circulação atmosférica ficou conhecida como efeito
borboleta. (...) Lorenz queria divulgar seus resultados, mas não estava
satisfeito com seu sistema de 12 equações. (...) Lorenz notou que os valores de
4, das 7 variáveis, logo se tornavam muito pequenos, e ficou curioso para saber
se o sistema formado apenas pelas outras 3 variáveis também exibiria comportamento
aperiódico. (...) O sistema de Lorenz é formado pelas equações:
dX/dt
= ƒ 1 (X, Y, Z) = - σX + σX
dY/dt
= ƒ 2 (X, Y, Z) = ɼX – Y – XZ
dz/dt
= ƒ 3 (X, Y, Z) = XY – bZ
(...) A variável X (t) é proporcional
à intensidade da convecção: X = 0 implica que não há movimento convectivo, ou
seja, o calor é transportado apenas por condução; X > 0 implica circulação
horária e X < 0, circulação anti-horária. A variável Y (t) é proporcional à
diferença de temperatura entre as correntes ascendente do fluido. A variável Z
(t) é proporcional à distorção do perfil vertical da temperatura, em relação ao
perfil linear. Por exemplo, para Z = 0, a temperatura decresce linearmente,
conforme se sobe pelo eixo-z, do seguinte modo:
X
O
atrator do sistema de Lorenz para σ
= 10, ɼ = 28 e b = 8/3. Ao cabo de
pouco tempo os valores encontrados não tinham mais nenhuma relação com os
objetos durante o cálculo precedente. A máquina calculava corretamente, no
entanto, Lorenz não se enganara ao introduzir os valores. Acontece que as
verdadeiras equações da circulação atmosférica não podiam deixar de apresentar
mesma sensibilidade às condições iniciais, o que deveria tornar impossível
qualquer predição em longo prazo. Como se ele tivesse ganhado o seu desafio de
compreensão de imprevisibilidade atmosférica: dado o enorme número de
perturbações, próprios da meteorologia, por mínimas que pareçam, nem por isso
são controladas. Ou seja, se ocorrer o menor erro de observação, o tempo
previsto para uma semana mais tarde será completamente mudado.
Encontra-se
uma descrição semelhante sobre o ‘efeito borboleta’ em “Dos ritmos ao caos” de
Pierre Berge, Yves Pomeau e Monique Dubois-Gance, em que a presença dessa
sensibilidade às condições iniciais não deve fazer que se assimilasse o
comportamento de um tempo meteorológico ao do ‘caos’ (de tão pequeno o número
de variáveis). Existe uma dupla diferença: trata-se de um lado, de uma
‘dinâmica espaço-temporal’, ao passo que, nos ‘modelos do caos’ propriamente
ditos, trata-se de evoluções puramente temporais, nas quais a ‘estruturação
espacial’, se existir, será mantido ao longo do tempo, de outro lado, o número
de variáveis de um ‘modelo meteorológico’ é consideravelmente alto para ser
comparado aos três ou quatro dos ‘modelos clássicos de caos’. Neste caso, a
meteorologia só inspirou um dos mais célebres ‘modelos de caos’: o ‘modelo de
Lorenz’.
Como
relacionar o desprezo às latitudes a essa evolução puramente temporal do
‘modelo de caos’ meteorológico de Lorenz? Uma vez reconhecida essa diferença
entre tempo e caos com o modelo espaço-temporal d meteorologia em que medida
supor as consequências ou catástrofes meteorológicas a partir das aplicações de
tal modelo caótico? Por exemplo, o de Lorenz que está em questão.
Os
sistemas caóticos são um exemplo de instabilidade, um ‘sistema instável’,
porque as trajetórias correspondentes a condições iniciais, tão próximas quanto
quisermos, divergem de maneira exponencial ao longo do tempo. Fala-se,
portanto, da ‘sensibilidade às condições iniciais’; ilustrada na parábola da
borboleta: ‘a batida de asas de uma borboleta na bacia do Amazonas pode afetar
o tempo que fará nos Estados Unidos’, conforme Ilya Prigogine em “O Fim das
Certezas”. No ‘efeito borboleta’ – para pequenas condições meteorológicas,
qualquer previsão perde o valor rapidamente – os erros e as incertezas se
multiplicam formando um efeito de cascata ascendente através de uma cadeia de
aspectos turbulentos, que vão dos ‘demônios da poeira’ e tormentas até
redemoinhos continentais que só os satélites conseguem ver.
De
todo modo, se o tempo chegasse alguma vez a um regime exatamente como o
atingido antes, em que todos os ventos e nuvens fossem os mesmos, então se
presume que ele se repetiria para sempre e o problema da previsão se tornaria
trivial. No entanto, se parássemos apenas no ‘efeito borboleta’, uma imagem da
previsibilidade seria substituída pelo menor acaso. Acontece que Lorenz, mais
do que isso, em seu ‘modelo de tempo’, ele viu uma ‘ordem mascarada’ de
aleatoriedade. Percebe-se que uma cadeia de acontecimentos pode ter um ponto de
crise que aumenta pequenas mudanças, perceptível tanto na vida quanto na
ciência. Mas o ‘caos’ significa que tais pontos estejam por toda parte,
generalizados, em sistemas como o ‘tempo’, onde a dependência sensível das
condições iniciais era consequência inevitável da maneira, pela qual as
pequenas escalas se combinavam com as grandes.
Dependência
sensível às condições iniciais foi o nome técnico que o ‘efeito borboleta’
recebeu, segundo James Gleick em “Caos”. De que modo, então, reafirmar a
relevância dos estudos sobre o tempo produzidos por Lorenz no que se refere à
‘dependência sensível às condições iniciais’? Antecipa-se em informar que a
intervenção do homem na natureza se baseia cada vez mais à sensibilidade das
condições iniciais em um ‘sistema do tempo’. Existe possibilidade de um sistema
dinâmico, como o tempo, ignorar à espacialização do homem, à localização de
suas práticas (industriais, de sobrevivência, etc.)? De que forma substituir as
asas da borboleta pelos atos humanos, como causadores de ‘tornados’ no Texas?
Como
foi possível que, conhecendo as equações da circulação atmosférica, bem como as
condições iniciais, não se conseguisse prever com um grau de confiabilidade
razoável o tempo que faria alguns dias mais tarde? Essa foi uma questão que
intrigava Edward Lorenz, professor de ciências da atmosfera no Massachussets Institute of Technology.
Para isso ele simplificou (‘erro’?) consideravelmente as equações da circulação
atmosférica, a fim de obter para elas uma solução numérica confiável e rápida,
com os computadores que dispunha na época. Em suma, Lorenz escreveu as
‘equações simplificadas’ da ‘convecção térmica’ de Rayleigh-Bérnard: o ar
aquecido se resfria na alta atmosfera, torna a descer, e o ciclo se repete ao
infinito. Foram realizados estudos sobre as reações químicas oscilantes e os
escoamentos hidrodinâmicos ligados ao ‘fenômeno de convecção’, de
Rayleigh-Bérnard.
Sobre
o fenômeno de convecção são gerados turbilhões por um gradiente de temperatura,
como no núcleo ou no manto terrestre, mas em laboratórios os líquidos
utilizados são menos viscosos e as geometrias mais simples: o fato de um
comportamento turbulento ser atribuído a um ‘caos’ de poucas variáveis: chocava
muitos especialistas em mecânica dos fluídos, de acordo com Pierre Bergé,
Maurice Pomeau e Monique Dubois-Gance em “Dos Ritmos ao Caos”. O ‘modelo
simplificado’ que Lorenz propôs a partir daí faz intervirem apenas três
variáveis. Simplificado dessa maneira, prevê-se que esse modelo será muito útil
para previsões atmosféricas reais. Esse ‘modelo simplificado’ de Lorenz, no
entanto, possui os ingredientes necessários para ser representativo de
movimentos atmosféricos, num caso extremamente particular. As três variáveis do
modelo são, portanto, a temperatura (do ar), a velocidade (do vento), a
dinâmica (que a temperatura varia com a altitude). Lorenz acabou reduzindo o
tempo atmosférico aos ‘elementos essenciais’? Não obstante, os ventos e as
temperaturas dos resultados impressos pelo seu computador pareciam se comportar
de uma maneira reconhecível realidade.
Os
ventos correspondiam a sua intuição, sua sensação de que o tempo repetia, ou
seja, revelando padrões reconhecidos: pressão aumentando e caindo, as correntes
de ar oscilando entre norte e sul. Mas as repetições nunca eram perfeitamente
iguais, isto é, havia um padrão, mas com alterações, enfim, uma desordem
ordenada.
Edward
Lorenz usou um sistema de equações puramente determinista: dado um determinado
ponto de partida, as condições meteorológicas se desenvolveriam exatamente da
mesma maneira, a cada vez; mas dado um ponto de partida ligeiramente diferente,
o tempo se desdobraria de uma maneira ligeiramente diferente. Dado às devidas
proporções, os ‘erros’ no ponto de partida no sistema específico de Lorenz
mostravam-se catastróficos.
Um
tipo específico de movimento dos fluidos inspirou as ‘três equações de Lorenz’:
a ascensão do gás ou líquido quente conhecido como ‘convecção’. Na atmosfera, a
convecção agita o ar aquecido pela terra banhada de sol e ondas de convecção
sobem como fantasmas acima do asfalto e dos radiadores quentes. E. Lorenz tinha
a mesma satisfação em falar sobre a convecção numa xícara de café quente: ‘este
era apenas um dos inumeráveis processos dinâmicos em nosso universo cujo
comportamento futuro gostaríamos de prever’, como dizia Lorenz. Se o café
estiver morno, seu calor se dissipará sem qualquer movimento hidrodinâmico,
mas, se estiver quente o bastante, uma rotação convectiva (propagadora) levará
o café quente do fundo da xícara para a superfície mais fria: como o calor se
dissipa e o atrito retarda o fluido em agitação, o movimento terá que parar,
inevitavelmente. As equações do movimento que governam uma xícara de café que
se esfria devem, portanto, refletir o destino do sistema – devem ser
dissipantes. A temperatura deve pender para a temperatura do ambiente e a
velocidade para zero, em “Caos” de James Gleick. E. Lorenz tomou uma série de
equações para a convecção e reduziu-a ao essencial eliminando tudo o que
pudesse ser irrelevante, tornando-a de uma simplicidade pouco realista. Quase nada do modelo originou permanecer, mas
ele deixou a ‘não-linearidade’.
O
tipo mais simples de convecção mostrado nos manuais ocorre numa célula de
fluido: uma caixa com um fundo liso que pode ser aquecido e uma tampa lisa que
pode ser resfriada. A diferença de temperatura entre o fundo quente e a tampa
fria controla o fluxo Se a diferença é pequena, o sistema permanece estável. O
calor se movimenta para o alto pela condução, como acontece numa barra de
metal, sem superar a tendência natural do fluido a permanecer em repouso. Além
disso, o sistema é estável.
Aumenta-se
o calor e um novo comportamento se manifesta, assim, o fluido do fundo se
expande quando esquenta. Ao se expandir, torna-se menos denso – torna-se mais
leve o suficiente para superar o atrito, assim sobe para a superfície.
Destaca-se que numa caixa projetada, com uma rotação cilíndrica (‘rolagem de um
fluxo’), o fluxo quente sobe de um lado e o fluxo frio desce exatamente para o
outro. Visto de lado, o movimento faz um ‘círculo contínuo’, mas fora do
laboratório a natureza fez com frequência também esse movimento em suas
‘células de convecção’. O sol que esquenta o chão de um deserto, por exemplo.
Aumenta-se
o calor ainda mais e o comportamento se torna mais complexo: os movimentos
ondulatórios começam a oscilar, mas as equações de Lorenz eram muito simples
para criar um modelo desse tipo de complexidade. Essas equações abstraíam um
aspecto da convecção no mundo real: o movimento circular do fluido quente
elevando-se como uma roda gigante. As equações levavam e conta, entretanto a
velocidade desse movimento e a transferência de calor.
Se
o círculo girava suficiente, para J. Gleick em “Caos”,a bola de fluido não
tinha perdido todo o seu calor extra no momento em que chegava ao alto e
começava a descer novamente pelo outro lado, assim começava a pressionar contra
o impulso do outro fluido quente que vinha atrás dela.
Muitos
afirmam que as condições meteorológicas da terra poderiam estar num ‘atrator
estranho’. E. Lorenz anexou, em seu artigo de 1963 sobre o caos determinista, o
“Deterministic Dynamical Systems”, um
desenho com apenas duas curvas à direita, uma dentro da outra, e cinco à
esquerda: um ponto movimentando-se ao longo dessa trajetória no espaço de fase,
em torno desses sete loops, ilustrava a rotação lenta e caótica de um fluido,
modelado pelas três equações de Lorenz para a convecção. Esse ‘atrator’ ficava
num espaço de fase tridimensional, afinal esse sistema tinha três variáveis
independentes. Assim, Lorenz pode ver uma espécie de espiral dupla, como um par
de asas de borboleta, interligado com infinita habilidade. Esses loops e
espirais eram infinitamente profundos, nunca se juntando totalmente nem se
cruzando, entretanto permaneciam dentro de um espaço finito, confinado por uma
caixa. Quando o calor crescente do sistema empurrava o fluido numa direção, a
trajetória permanecia ao lado direito, mas, quando o movimento rotativo parava
e se invertia, a trajetória oscilava para a outra asa. Enfim, o atrator era
estável, de baixa dimensão e não-periódico.
O
atrator estranho vive no espaço de fases, uma das invenções mais relevantes da
ciência moderna. Traçada no espaço de fases (ou das variáveis), a sequência dos
valores assumidos por essas variáveis define uma trajetória que se enrola sobre
um curioso objeto de dois lóbulos. Esse objeto, que tem um volume nulo não é
uma mera superfície, mas uma infinidade de falhas (muito juntas uma das
outras): estava descoberto o primeiro ‘atrator estranho’, como em “Dos Ritmos
ao Caos”, de Pierre Bergé, Monique Dubois-Gance e Yves Pomeau. No espaço de
fase o conhecimento total sobre um ‘sistema dinâmico’ – Ilya Prigogine em “O
Fim das Certezas” definiu os sistemas dinâmicos estáveis (pequenas modificações
das condições iniciais produzem pequenos efeitos) dos instáveis (modificações
se amplificam ao longo do tempo) – num instante único do tempo resume-se a um
ponto. Esse ponto é o ‘sistema dinâmico’ – naquele instante, porém, no instante
seguinte o sistema terá se modificado, mesmo que seja levemente e assim o ponto
se mexe. O histórico do tempo do sistema pode ser registrado num gráfico pelo
ponto móvel, traçando-se sua órbita pelo espaço de fase com a passagem do tempo.
Pode-se imaginar, conforme J. Gleick em “Caos”, um ‘atrator estranho’ dando
voltas e zumbindo ante seus olhos, com órbitas que vão para cima e para baixo,
para a esquerda e para a direita, para frente e para trás. Como o sistema nunca
se repete exatamente, a trajetória nunca se cruza, em lugar disso, faz loops
circulares.
Três
equações, com três variáveis, descreviam totalmente o movimento desse sistema.
O computador de Lorenz imprimiu os valores instáveis das três variáveis:
0-10-0; 4-12-0; 9-20-0; 16-36-2; 30-66-7; 54-115-24; 93-192-74. Os três números
subiam e desciam enquanto intervalos imaginários de tempo passavam, cinco
intervalos, cem, mil intervalos. Lorenz usou cada grupo de três números como
coordenadas para especificar a localização de um ponto no espaço
tridimensional: a sequência de números produziu uma sequência de pontos que
traçavam uma linha contínua de pontos que traçavam uma linha contínua, um
registro do comportamento do sistema. O ‘mapa’ mostrou uma espécie de
complexidade infinita, ou seja, ficava sempre dentro de certos limites, nunca
saindo da página, mas nunca se repetindo: traçava uma forma estranha, uma
espécie de espiral dupla em três dimensões, como uma borboleta com as duas
asas. A forma assinalava a desordem pura, já que nenhum ponto ou padrão de
pontos jamais se repetir, não obstante também assinalava um novo tipo de ordem.
A misteriosa curva traçada ao final, a dupla espiral que se tornou conhecida
como ‘atrator de Lorenz’.
Os
atratores dos regimes estacionários (ponto fixo) e periódico (ciclo limite) são
tais que as trajetórias neles convergem de maneira monótona Como as trajetórias
oriundas de diferentes pontos do espaço das fases ali convergem? Primeiramente,
essas trajetórias estão submetidas a vínculos à primeira vista contraditórios.
Ao considerar a existência do caos indiscernível, a própria ‘sensibilidade às
condições iniciais’ implica uma divergência de trajetórias vizinhas,
divergência que lhes confere evoluções independentes, não-correlatas,
dessemelhantes. Como o sistema é dissipativo, entretanto, todas as trajetórias
devem convergir para o ‘atrator’ que se busca compreender. Para conciliar essas
duas exigências contraditórias: a divergência deve se realizar numa direção do
espaço das fases e a convergência numa outra.
Apreende-se
da geometria do atrator a evolução de um conjunto de condições iniciais
(posição, velocidades) situadas no interior de um retângulo, por exemplo, no
caso do pêndulo simples oscilante e de seu atrator ciclo limite: o retângulo
contrai-se pari passu com a evolução até tornar-se um segmento – um arco de
elipse. No espaço das fases, tridimensional, a trajetória será errática, mas
recordará do ciclo limite ‘fantasma’: errando de maneira até complexa, mas na
vizinhança desse ciclo limite, a trajetória continuará, em média, funcionar.
Considere-se,
no caso do atrator do regime periódico, um conjunto de condições iniciais
situadas num retângulo do espaço das fases. A convergência para o atrator
(devida à dissipação que acarreta uma contração da área) e divergência das
trajetórias (SCI) devem agora coexistir. O retângulo vai ser esticado numa
direção (SCI) e achatado (contração) na outra. O necessário alongamento do
retângulo não pode se realizar sem que haja um dobramento simultaneamente para
continuar ainda nesse volume limitado. Com isso, ao final de uma volta, o
retângulo ter-se-á transformado numa ferradura. Com a tríplice operação de
alongamento (dobramento e contração contínua) a se realizar, na segunda volta,
essa ferradura será o corte de um objeto complexo: o atrator caótico,
constituído de uma infinidade de folhas. Trajetórias sob uma série de
alongamentos e de dobramentos sucessivos que produzem uma evolução em ferradura
sob uma contração permanente.
Deduz-se,
pois, o princípio de formação de um ‘atrator estranho’: [a] os pontos iniciais
estão contidos num retângulo qualquer, por exemplo, ABCD. Durante a evolução,
essa superfície que contém os pontos é alongada, dobrada, realongada e
redobrada até formar um conjunto folheado muito complexo; [b] primeiras etapas
da evolução do retângulo cujo corte é representado à direita. Manifestam-se
semelhantes etapas de construção de um conjunto de Cantor.
Nos
procedimentos da ‘poeira de Cantor’ não se precisa dispor de uma série de
pontos equidistantes ao longo dos objetos, os pontos a enumerar são os que
constituem a própria ‘poeira’ objeto ao longo do método de fabricação do
objeto. Diante de uma infinidade de pontos, a ‘dimensão D’ não será nula, mas a
presença de ‘buracos’ no objeto fará que o número de pontos contidos nas
esferas de contagem aumente menos rapidamente do que no caso da reta que, por
seu lado, não tem buracos. A dimensão da poeira de Cantor está compreendida
entre 0 e 1. ‘Flocos de Neve’: estranho objeto que não é uma superfície nem tampouco
uma linha, tem um perímetro infinito; não se recorta e se mantém numa espaço
limitado. De fato, “o espaço-rede é, paradoxalmente, um espaço de
conectividade/integração e de distúrbio e descontrole no que se refere À
organização espacial’, pelo simples fato de que não existe a pura ‘ordem’”
(Haesbaert, 1997:259). Des-controle ou des-ordem não parecem estranhas à
leitura de mundo ou descrição geográfica de Haesbaert em artigos e livros
frequentes tais como: “O Mito da Desterritorialização”: do fim dos territórios
à multitrritorialidade’ (2004), “A nova Des-Ordem Mundial” (2006), “Muros,
campos e reservas: os processos de reclusão e ‘exclusão’ territorial” (2006) e “Sociedades
biopolíticas de in-segurança e des-controle dos territórios” (2008).
Durante
a década de 1980, entre 1987 até 1998 no Departamento de Geografia (UFF) o
debate transdisciplinar do território (múltiplas dimensões) tornou-se uma
coletânea com alguns artigos sobre a temática modernidade/pósmodernidade, na
introdução de “territórios alternativos”, Haesbaert (2002), num artigo
publicado no Jornal do Brasil em 21 de março de 1987, interessou-se pela
distinção entre território e ‘espaço liso’ de Félix Guattari, ‘nômade, o da
máquina de guerra’. O processo de territorialização quando antecipa a
desterritorialização e procede por reterritorialização produz um determinismo e
impõe uma espécie de ‘desordem’, enfim, Christofoletti (2010) assinalou que:
Lorenz percebeu
que essa aleatoriedade continha ordem, pois era produzida a partir de um sistema
determinístico simples. [...] haveria um Princípio de Aumento da Ordem (PAO)
ligado à noção de atrator imaginada por Lorenz, o qual amenizaria o ‘Efeito
Borboleta’ – os sistemas seriam então atraídos para um limite do qual eles não
passam, em contraposição ao Princípio de Aumento da Desordem (PAD) (p.95-6).
Ainda
pensa-se que a “[...] reterritorialização (termo nosso) – na forma de gangues e
guetos, por exemplo, como meio alternativo de sobrevivência e afirmação social”
(p.104), nesta inversão entre a T-D-R, na obra de Deleuze e Guattari em “O
Anti-Édipo”. O que é a reterritorialização no processo de produção capitalista
esquizofrênico senão o “Sistema do Terror (a lei)”. Distingue-se neste ‘regime
significante’ o ‘corpo do Déspota e seu Deus’, para compreendermos o que pode
ser definido então, em sentido estrito, no livro de Samuel Huntington como
“Choque de Civilizações” de ‘Fundamentalismo’. Antes disso, percebe-se o que
seria o ‘significante-despótico’.
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[1] Se
a ‘desterritorialização’ e a ‘descodificação’ estão intimamente relacionada à
letra elétrica esquizofrênica, como a Al-Qaeda pôde estar ligada a esta
esquizofrenia senão através do nomadismo e do ‘truque de Himmler’, que produziu
a migração de judeus para Israel: “Um exemplo muito interessante para ilustrar
ao mesmo tempo a configuração de territórios-rede e a diversidade de modos de
organização espaço-territorial (...) é o que nos é oferecido pela espacialidade
da rede terrorista Al-Qaeda, que muitos consideram uma entidade
‘desterritorializada’” (Haesbaert, 2004:301).
[2] Stockinger (2007) em “A Reforma Psiquiátrica
Brasileira” (2007) designa por circunvisão e transparência: “Heidegger procura
desvelar o sentido do ser a partir da cotidianidade, da existencialidade da
existência humana. (...) circunvisão, conceito que exprime o fato de a
construção do mundo cotidiano das ocupações não ser cego, mas guiado por uma
visão de conjunto. Três aspectos são importantíssimos na circunvisão. A
consideração (...). A tolerância (...). há a transparência, que remete para a
força e a ação penetrante da visão que permite não apenas perpassar obstáculos
diferentes, como possibilita a integração respeitosa de uma visão de conjunto”
(p.81).
[3] “Nesta perspectiva, o organismo funciona de forma a
auto-organizar-se na relação com o meio constantemente, buscando ora satisfazer
suas necessidades por falta, ora crescer. (...) Seria a natureza dos processos
que chamamos de vida. Diferentemente da cibernética de primeira ordem, que
estabelece importância de primeira ordem, que estabelece importância apenas na
conservação. Nesta perspectiva, é a cibernética de segunda ordem que aqui mais
nos interessa e se aproxima também dos conceitos de Maturana, que tenta
explicar como os sistemas passam por mudanças em sua organização, deixando de
ser máquinas triviais para ser vistos como sistemas auto-organizadores, como os
sistemas humanos e sociais. Aqui cabe a referência a Von Neuman (...) que
buscou destacar diferenças entre sistemas naturais e os artificiais. (...) de
acordo com a mecânica quântica não existe objetividade. Não podemos eliminar a
nós mesmos da cena. Somos parte da natureza e quando a estudamos não se trata
de outra coisa que a natureza estudando a si mesma. A física chegou a ser um
ramo da psicologia, ou talvez o contrário. Ou seja, não há aí divisão entre
observador e observado em ciências humanas, sendo que ambos se influenciam
constantemente. Quando um organismo interage com qualquer interage com qualquer
aspecto do ambiente (...) sua resposta é sua organização ou estrutura.
Aconteceria aí o acoplamento estrutural. Conjugando tal visão com a cibernética
de segunda ordem, no conceito de autopoise, os sistemas auto-organizadores
adquirem sua ordem selecionando elementos úteis para sua estrutura a partir da
desordem ambiental” (Stockinger, 2007:92).
[4] “Em suas pesquisas sobre a artilharia aérea ele se
interessou particularmente pelo princípio que a engenharia de controle denomina
de feedback. Basicamente, esse princípio consiste em realimentar o sistema com
as informações sobre o próprio desempenho realizado a fim de compensar os
desvios em relação ao desempenho desejados” (Kim , 2007:201).
[5]
“Je est um autre”. Eu sou um outro. Arthur Rimbaud apud Quasha e Stein.
Projeção – O espaço do Grande Evento. In: HILL, Gary. O Lugar do Outro. São Paulo:
MASP/SP, 1997, p. 44. Rimbaud, numa carta visionária a seu mestre diz:
Eu sou um Outro. O poeta Robert Duncan (1919-1987) citou o comentário numa
palestra, por volta da década de 1960
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