sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


Geopolítica Subterrânea: Terror, Islã e Andes

 

A partir de 1945, do imediato pós-guerra, a ordem mundial passou a demarcar três grandes conjuntos de países: o primeiro, o segundo e o terceiro mundo. Se as duas grandes guerras mundiais envolveram diretamente os países que compunham o Primeiro e o Segundo Mundo, estrategicamente detonadas em território europeu; a guerra fria, que sucedeu as guerras mundiais, alinhou os países capitalistas do Primeiro Mundo contra os países comunistas do Segundo Mundo, mas em territórios do Terceiro Mundo (como os conflitos esparsos e esporádicos no Vietnã, Coréias e Oriente Médio, etc.). Se a guerra fria tornou o mundo bipolar, ou seja, sob um ‘ordenamento’ territorial bipolar, sob uma ‘ordem mundial polarizada’ entre o mundo capitalista (Primeiro Mundo) e o mundo socialista (Segundo Mundo), não resta dúvida que este conflito que se desenvolveu da década de 1950 até 1990 transformou os EUA e a URSS em duas grandes potências desenvolvidas, enquanto o Japão e a Europa ocidental não deixaram de herdar (das guerras mundiais) o seu cadinho de Primeiro Mundo. O Terceiro Mundo, aquela massa informe e heterogênea de países que se descolonizavam ao fim das guerras mundiais ainda eram concebidos como os desalinhado – nem capitalista nem socialista. Na medida em que os conflitos bipolares entre o Primeiro e o Segundo Mundo foram se dissipando: com a queda do muro de Berlim, com a abertura econômica e cultural (glasnost e perestroika) da URSS; com fragmentação nacionalista no leste europeu: o ordenamento territorial ou a ordem mundial deixa de prescrever três mundos para registrar apenas uma dinâmica entre dois mundos – o centro e a periferia. Os países do centro seriam os países ricos simplesmente, o que incluiria a Rússia (ex-socialista), mas a periferia seria ordenada estreitamente pelos países do antigo Terceiro Mundo. Este é um deslocamento cartográfico que parte de um conflito leste-oeste (guerra fria) para outro norte-sul (guerra ao terror).

Em primeiro lugar, ‘centro e periferia’[1] é uma expressão de uma ordem global que visa substituir a ordem mundial que se dividia em ‘três mundos’, com a bipolarização entre EUA e URSS e o desalinhamento com o ‘terceiro mundo’.

Em segundo lugar, ‘centro e periferia’ significa uma ‘ordenação’[2] de países que se contrapõe a partir de um equilíbrio entre as nações ricas e as pobres, daí resulta a relação de poder que demarca o ‘desenvolvimento’ no centro e o subdesenvolvimento na ‘periferia’.

Em terceiro lugar, ‘centro e periferia’ acaba se tornando uma expressão do ‘ordenamento territorial’ obsoleta, visto que fluxos (populacionais, econômicos, informacionais, etc.) provenientes de países subdesenvolvidos, alinhados à periferia, passam a ser considerados ‘emergentes’.

Em quarto lugar, o ‘centro’ continuou o mesmo, apesar do esfriamento das forças japonesas e do aquecimento (armistício) de Israel aliado aos Britânicos e aos Norte-americanos. Desde o fim da II Guerra, o Japão acabou se tornando um fiel do século XX, com o fim da guerra fria, Israel tornou-se um grande aliado dos norte-americanos contra o terror.

Em quinto lugar, a ‘periferia’ se cindiu entre potências regionais e áreas de influências periféricas, de tal forma que o mundo parece novamente ordenado entre mundos distintos. A periferia se reordenou a partir de ações políticas, como o desenvolvimento do G-20 e dos Foruns Sociais Mundiais, o que acabou agrupando as quatro potências emergentes da periferia subdesenvolvida: Brasil, Russia, Índia e China. “Centro e Periferia” é um termo intermediário entre duas constituições ternárias da ordem mundial: da ‘guerra fria’ à ‘guerra ao terror’, três blocos ordenam o mundo, mas houve um período entreposto que alinhava os grandes blocos em dois pólos – o centro (desenvolvido) e a periferia (subdesenvolvido), os ricos e pobres. Com a emergência de Brasil, China e Índia (além da Rússia) dos países periféricos, ao longo da primeira década de 2000, no início do século XXI, um ‘teatro da guerra’ começou a alicerçar o seu ‘recontro’ ao longo dos Andes até as Ilhas Falklands, na costa sul-americana do Pacífico e também no mar Morto até o Everest, no Oriente Próximo (ao longo dos desertos do Oriente Médio até a costa oeste, montanhosa, da China).

Em sexto lugar, os conflitos entre o Primeiro e o Segundo Mundo na época da guerra fria eram essencialmente uniformes no que se refere ao seu aspecto político, ou seja, eram dois grandes projetos políticos em jogo, ou grandes regimes de produção em tensão (capitalistas e os socialistas/comunistas). Até a década de 1970, no Oriente Médio, e a década de 1990, na América do Sul, os EUA conseguiram manter sob controle (através de grandes pactos e acordos sob diversos interesses nacionais, corporativistas, industriais, etc.) as maiores reservas de petróleo do planeta: combustível para a ‘máquina de guerra’, sob uma ordem mundial, onde o Terceiro Mundo e a ‘periferia’ eram aparentemente desalinhados e informes. O ‘inimigo comunista’ foi se dissipando na medida em que o ‘terror’ passou a conotar o islamismo e o narcotráfico nas áreas onde o controle do petróleo pelos Estados Unidos passou a se tornar instável. Enfim, houve um deslocamento recíproco, nas sucessivas ordens mundiais (do Segundo Mundo à periferia), da ‘imagem do inimigo terrorista’: o comunista, o islâmico e o narcotraficante.

Em sétimo lugar, assim como o terrorista-comunista foi o agente de todo uma ordem mundial ao longo da guerra fria, o terrorista-islâmico e o narcoterrorista animarão a ordem mundial (BRIC) que se alinha sob a guerra ao terror, nas regiões mais produtoras de petróleo do mundo: Oriente Médio e Andes. A guerra ao terror ordena uma nova configuração de poder que não pode ser reconhecida uniformemente. Trata-se de distinguir o ‘terror islâmico’ (na periferia da Rússia, China e Índia) e o ‘narcoterror’ (na periferia imediata do Brasil). O início do século XXI nos apresenta uma configuração de poder onde os países centrais (EUA-Reino Unido-Israel) precisam abrir um confronto duplo sobre a mesma perspectiva do ‘terror’ e mesmo objeto: o petróleo. O ‘recontro’ da guerra se descreve em trechos precisos que se inserem nas paisagens semi-periféricas sul-americanas e asiáticas. O teatro da ‘guerra ao terror’ se encena na antiga semi-periferia do mundo ou na periferia dos emergentes, dos BRIC?

Década de 1990 na América do Sul (Colômbia e Venezuela)

Quando a Venezuela, de um lado, e a Colômbia, de outro, alcançaram os limites de um processo político-econômico a que se sujeitaram ao longo século XX. A Venezuela (grande produtora de petróleo) não deixa de ser um lugar, um país que sofre o desenvolvimento mediado pelas relações capitalista baseadas no controle privado das suas reservas de petróleo, até se constituir um estado com ‘fachada totalitária’ e antiimperialista, com Hugo Chávez. A Colômbia (grande produtora de petróleo, mas também de coca) vai se libertando das forças do narcotráfico que chegou a controlar praticamente toda a política e o processo do país na década de 1980, com o impacto dos cartéis das drogas, até ‘exterminar’ esse dispositivo com as forças ‘democráticas’ (com apoio norte-americano) pró-Uribe. O fortalecimento das bases militares colombianas com W. Bush e B. Obama, complementando-se com a presença britânica em Falkland (principalmente em 2010), o que define a presença estratégica dos EUA na América do Sul, sudeste (no Atlântico), a noroeste no litoral do Pacífico colombiano.

No período pós-guerra, entre as décadas de 1950 a 1970, dois episódios foram significativos sobre a política de petróleo, antes que eclodiu a crise de 1973. Primeiramente, com a nacionalização dos campos petrolíferas do Irã, através das ações do então presidente Mohammed, em seguida, o apoio norte-americano dado ao Xá Reza Pahlevi, através, através de uma espécie de ‘golpe político’ que cristalizou um complexo jogo de interesses capitalistas que culminou direita ou indiretamente para a constituição da OPEP e dos acordos que elevaram o preço do barril de petróleo que culminou na crise de 1973. De certo que enquanto o Xá esteve no poder, o aiatolá esteve exilado, no entanto, como força oponente às práticas liberais que afetavam a política iraniana, Khomeini orquestou uma revolução no Irã em 1979, com uso das ‘fitas magnéticas’ (cassetes). Na medida em que o aiatolá Khomeini derruba a aliança norte-americana com o Xá reza Pahlevi  e assume no Irã, em 1980, o Iraque iniciar, com apoio EUA, conflito sangrento contra o aiatolá, que durou quase uma década. Ao longo desse conflito, Saddam Hussein, como líder iraquiano, parece se sentir fortalecido no Oriente Médio, avançando o seu poder militar e expansionista para o Kuwait na região. O início da década de 1990 foi marcado pela Operação no deserto do governo Bush contra o Iraque que foi aliado dos EUA contra o Irã no início da década de 1980, acabou se tornando um inimigo a partir da década de 1990, com o rosto de Saddam Hussein. A guerra no golfo, que operou a partir das investidas iraquianas no Kwait, conseguiu abalar as estruturas políticas do governo de Saddam, mas não totalmente, após o “11 de setembro” e a despeito da presença de bombas de destruição em massa, tropas foram enviadas ao Afeganistão e ao Iraque, até que Saddam fosse capturado vivo, julgado num ‘tribunal internacional’ e condenado a morte. O declínio do Iraque, com as emboscadas levadas por Husseim, não deixa de coincidir com certo fortalecimento do Irã que, já em meados da primeira década de 2000 não mantinha o sufrágio, como elemento democrático para eleger Ahmadinejad, islâmico, mas não clérigo como os aiatolás. O desenvolvimento de potencial nuclear o processo de enriquecimento de urânio, o que não deixa de favorecer aos iranianos uma resistência às tropas americanas que provoam, cada vez mais internamente, as suas fronteiras no Iraque, a oeste, e no Afeganistão e no Paquistão, a leste.

 

War on Terror – Islamismo e Narcotráfico (“Duplicação do Terror”)

Com o trágico episódio de 2011, com o atentado terrorista contra o Pentágono e as torres gêmeos, o gesto de W. Bush não só intensificou a pressão militar no Oriente Médio como designou uma virada no terrorismo com uma sobredeterminação ou duplicação: para W. Bush o combate ao terror também se tornou um combate às drogas, ou seja, a guerra ao terror passou a ser também uma guerra às drogas. O narcoterrorismo teve sua campanha reforçada com o ‘going to the source’ (ir às fontes) e o Plano Colômbia. Todos os países que se esforçarem para reduzir o plantio de coca receberiam incentivos e estratégias para diminuírem (quem sabe até extirpar) a presença dos cartéis e, principalmente, da ‘organização terrorista’ que amedrontava a região: as “Forças Armadas Revolucionárias Colombianas”, além dos paramilitares da AUC.

A Colômbia foi o país que mais se destacou nesta aliança com os EUA contra o narcoterrorismo nos Andes, mas em compensação a Venezuela, sob a presidência de Hugo Chávez não hesitou em enunciar intensa e frequentemente um discurso antiimperialista norte-americano, em suma, anti-Bush. Esta questão se agravou com a entrada de Evo Morales no governo da Bolívia, como ex-dirigente dos trabalhadores rurais nas plantações de coca, na região de Chapare, o processo de nacionalização das reservas energéticas e minerais bolivianas se intensificou assim como reduziu as perspectivas norte-americanas de controle em território boliviano. O problema do narcoterrorismo andino se aprofundou com a campanha de Chávez e de Morales, promovendo certa oposição ao armamentismo colombiano, afinal, Uribe foi o que mais se destacou ao seguir a risca as metas dos planos norte-americanos para a região. Deste modo, o ‘terror’ propolado por W. Bush duplicou-se tanto em direção ao Oriente Médio quanto no sentido dos Andes, numa acepção dupla: narcotráfico e islamismo comunista também foram delineados, afinal W. Bush não hesitou numa em se opor ao ‘clube do Fidel’, ao Forum de São Paulo liderado por político os ‘pró-castro’. A América do Sul, junto com o 11 de setembro, foi sobredeterminada mais uma vez na geopolítica[3] mundial, para Bush como teatro do terror.

 

Geopolítica Subterrânea

A geopolítica que engendrou o terrorismo não pode ser mais, desde 2001, articulada apenas no Oriente Médio e ao islamismo, mas acrescente-se a isso o narcoterrorismo Oriente Médio e mantém certa cumplicidade com o estado de Israel na Palestina e com budismo de Dalai Lama no Tibete, de resto, o conflito se mantém entre essas extremidades, passando pelo Iraque e Irã, além do Paquistão e do Afeganistão. Na América do Sul, as bases de reterritorialização, de um poder bélico que estende até as Malvinas, com a ancoragem da marinha britânica em 2010, para prospecção de petróleo no arquipélago, a despeito dos conflitos com os argentinos; entre estes dois extremos, Venezuela, Bolívia e, em algum caso, o Equador acabaram se envolvendo em diversos conflitos, mesmo que pontuais, que abrangem o terror e o desrespeito, segundo os americanos liberais, à democracia.

Dupla estratégia, portanto, que define esses dois alinhamentos contra o terror. Se no Oriente Médio a geopolítica continental parece inspirada na Heartland de Mackinder ou na Rimland de Spykman[4], nos Andes a geopolítica marítima de Mahan parece inspirar os atos de guerra contra o narcoterrorismo: o hemisfério norte, de fato, é marcadamente continental enquanto o hemisfério sul do planeta, que é marítimo, ou seja, a maior parte de terras emersas está a norte do planeta, pois no sul o volume de água é maior. Trata-se, contudo, de uma ‘geopolítica subterrânea’ – a geopolítica do terror, não há por que não associar, nada mais é que a geopolítica do petróleo (nos Andes e no Oriente Médio): o terrorismo islâmico e o narcotráfico secretam as maiores reservas de petróleo do mundo.

 

Estratégia e Geopolítica

O que está em questão não é amarrar as teorias geopolíticas de H. Mackinder ou de A. Mahan ao terrorismo, mas simplesmente de não desconsiderá-las estrategicamente. Dentre as concepções de estratégia destacam-se, nesta perspectiva, pelo menos duas, de um lado, a que se considera o fator estratégico capaz de ligar os elementos, ao contrário da oposição dialética[5], de outro, a estratégica determinada mais pelo espaço, afinal as táticas seriam mais definidas pelo tempo[6].

Se a estratégia é capaz de unir, ligar ou tomar contínuos objetos, aparentemente desconectados, então é sob essa perspectiva estratégica que serão analisados o terrorismo tanto no Oriente Médio quanto nos Andes, assinalando as suas especificidades relacionadas ao Islã e ao narcotráfico. Deste modo, a conquista de um espaço estratégico, de um topos que se estende no Oriente Médio e na América do Sul, como campos de forças das intervenções militares e diplomáticos contra o terrorismo, não resta dúvida, deixa de ser essencialmente terrestre, como na Heartland, para se tornar naval, pois o hemisfério sul é predominantemente marítimo. Se a geoestratégia que define, ou pode melhor definir a apropriação das áreas que circundam a Eurásia, é caracterizada terrestre, a geoestratégia de A. Mahan, do poder naval, pode melhor recobrir a dominação dos Andes, entre as áreas costeiras do Pacífico e com o ponto de ancoragem britânico nas Falklands, no Atlântico-Sul.



[1] A posição entre os organismos internacionais entre a polimorfia (na periferia) e a isomorfia (no centro). Cf.: DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia. São Paulo: 34.
[2] “A teoria da ‘ordenação espacial’ (mais precisamente ordenação espaço-temporal) para as contradições internas, tendentes a gerar crises, da acumulação do capital. (...) Mas Arrighi lança uma importante questão: como a relativa fixidez e a lógica peculiar do poder territorial se compatibilizam com a fluida dinâmica da acumulação do capital no espaço e no tempo? Para dar uma resposta a isso, precisamos primeiro especificar como agem de fato no espaço e no tempo os processos moleculares de acumulação do capital”. Cf.: HARVEY, David. O Novo Imperialismo. São Paulo: Loyola, 200477-82.
[3] A Geografia política da guerra ou a geopolítica: “(...) a geopolítica (...) é antes de tudo um subproduto e um reducionismo técnico e pragmático da geografia política (...). A geopolítica representa um inquestionável empobrecimento teórico em relação à análise geográfico-política de Ratzel, Vallaux, Bowman, Gottmann, Hartshorne, Whittlesey, Weigert, e tantos outros. (...) tentar situá-la como ‘ciência contato’ wntre geografia política e ciência política, a ciência jurídica etc., bastante comum nas introduções de inúmeros generais-geógrafos-geopolíticos, a começar por Haushofer. (...) as análise e estudos ditos geopolíticos podem frequentemente tratar-se de estudos geográfico-políticos. (...) Finalmente, e após um processo de ‘filtragem’ por que passou no período pós-Segunda Guerra Mundial, especialmente em suas conotações ideológicas vinculadas ao nazismo. (...) Tais são os exemplos das atividades do general-geógrafo alemão K. Haushofer no Instituto de Geografia de Munique e na Revista de Geopolítica, dirigida por ele, E. Obst, O. maull e seu filho Albrecht”. Cf.: COSTA, Wanderley Messias. Geografia Política e Geopolítica: Discursos sobre Território e Poder. São Paulo: Edusp, 2010: 55-7.
[4] “No final da Segunda Guerra Mundial, Nicolas SPYMAN (1944) ofereceu subsídios à hegemonia americana, reafirmando o poder marítimo. Ainda seguindo a visão de Mackinder, elegeu como área estratégica para poder o ‘Rimland’, as terras peninsulares da Eurásia onde se concentram a população, os recursos e as linhas marítimas. Parodiando Mackinder, estabeleceu que quem controlasse o ‘Rimland’ controlaria o mundo, alertando para a necessidade de impedir o domínio da Alemanha nessas terras através de múltiplas coligações dos EUA com os outros Estados da América, Europa e Extremo Oriente”Cf.: BECKER, Bertha K. A Geopolítica na Virada do Milênio: Logística e Desenvolvimento Sustentável. In: CASTRO, I. E. et alli (orgs.). Geografia: Conceitos e Temas. Bertrand Brasil: Rio de Janeiro, 2003.281.
[5] “Pois bem, a lógica dialética é uma lógica que põe em jogo termos contraditórios no elemento do homogêneo. Proponho substituir essa lógica dialética pelo que chamarei de lógica da estratégia. (...) A lógica tem por função estabelecer quais são as conexões possíveis entre termos díspares. A lógica da estratégia é a lógica da conexão do heterogêneo, não é a lógica da homogeneização do contraditório”. Cf.: FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008:58.
[6] “As estratégias são portanto ações que (...) elaboram lugares teóricos (...), capazes de articular um conjunto de lugares físicos onde as forças se distribuem. (...) Privilegiam portanto as relações espaciais. (...) As táticas são procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo – às circunstâncias que o instante preciso de uma intervenção (...). as táticas apontam para uma hábil utilização do tempo, das ocasiões que apresenta e também dos jogos que introduz nas fundações de um poder” . Cf.: CERTEAU, Michel. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1994: 102.

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